Teoria do Apego

5 de junho de 2021


A importância dos vínculos na primeira infância e a influência na vida adulta

Quando falamos sobre as necessidades básicas do ser humano, lembramos sobre alimentação, sono, reprodução, etc… No entanto, esquecemos das vantagens que o apego fornece à sobrevivência. Nossos vínculos geralmente são formados de maneira instintiva, ou seja, se dão pela relação entre um indivíduo que demanda proteção e segurança, e outro capaz de saciar essa busca. São a partir desses estudos, que falaremos sobre a representação da mãe ou pai, como principal figura de apego ao bebê.

A Teoria do Apego foi idealizada pelo psiquiatra John Bowlby, estuda como os vínculos são formados na primeira infância e a influência que exercem no modo como o indivíduo se comporta ao longo de sua vida. Apego é uma relação concebida a partir da sensação de segurança e conforto transmitidas pela figura de apego, tornando assim, a presença daquela pessoa, como uma “base segura”.

Sendo o apego um processo interno e duradouro direcionado à poucas pessoas ao longo da vida, o comportamento de apego já é a manifestação dele. Ou seja, são as ações que possibilitam ao indivíduo se comunicar de forma expressiva com o mundo, criar vínculos e, dessa forma, estar apto a manter relações sociais mais íntimas. Alguns exemplos de comportamento de apego são o sorriso, contato visual, toque, abraço, menção ao nome, dentre outros. Sendo assim, o comportamento de apego já pode ser direcionado a uma variedade maior de indivíduos, dependendo do contexto.

Um exemplo dessa distinção de conceitos estabelecida por Bowlby, é que a criança fornece comportamentos de apego aos seus contatos sociais momentaneamente em prol de receber cuidados, como aos professores na escola, porém sua figura de apego continua sendo a sua primeira base segura, a mãe ou pai. Esse cuidador principal que, de acordo com o autor, deve fornecer um vínculo de qualidade e ser fonte de cuidados consistentes até os 02 anos de idade, se torna referência à criança, ou seja, os comportamentos desse cuidador são observados pelo bebê, e exercem grande influência sobre a relação que a criança estabelecerá com o mundo, o que é um grande sinal de alerta sobre a qualidade do contexto em que inserimos nossos filhos e a forma como nos comportamos diante deles.

O autor apresentou evidências de que, quando privada desses cuidados e proteção na primeira infância, a criança pode vir a desenvolver comportamentos prejudiciais, como por exemplo estresse excessivo, agressividade, sintomas de depressão e ansiedade, dentre outros. No entanto, quando a criança recebe como referência os comportamentos adequados de seu cuidador, estes influenciam de maneira positiva o desenvolvimento do modelo interno de funcionamento, que basicamente é a forma como a criança passará a interpretar os acontecimentos, suas experiências e suas relações ao longo da vida.

Salientando a importância do apego na primeira infância para o desenvolvimento da vida do indivíduo, foi possível observar que esse vínculo se formava de maneiras diferentes, por isso houve algumas classificações:

-Apego Seguro: a presença da mãe ou pai fornece segurança ao bebê demonstrando cuidado e proteção, ou seja, ele começa a explorar o ambiente; no início, pode até chorar na ausência dos pais, mas com o tempo desenvolve autoconfiança. Quando a criança passa a ter consciência de suas emoções, os cuidadores se mostram conectados e compreensivos. Em momentos de estresse da criança, eles se colocam como base segura, ou seja, a criança se sente acolhida e amada. Esse tipo de apego, tende a influenciar o indivíduo ao longo da vida a ser mais habilidoso socialmente, interpretar relações estáveis e impor limites saudáveis.

-Apego Inseguro Evitativo: geralmente os cuidadores não se colocam à disposição das necessidades do bebê, ou seja, este desenvolve estratégias próprias para suprir suas demandas. Pode-se notar que o bebê fica indiferente à presença ou ausência dos cuidadores, e passa a demonstrar mais afago diante de pessoas que não fazem parte de seu convívio. Ao longo do tempo, esse tipo de apego pode influenciar o indivíduo a evitar relações, se esquivando de possíveis rejeições e instabilidade.

-Apego Inseguro Ansioso: as respostas dos cuidadores diante do bebê são inconsistentes, ou seja, a criança não se sente estável e segura diante dos cuidados oferecidos pelos pais. Geralmente tem muito medo de explorar o ambiente e se relacionar com outras pessoas; na ausência de seus cuidadores, a criança fica ansiosa e chora, e no retorno pode apresentar um comportamento ambivalente diante dos pais, ao mesmo tempo que deseja se reconectar, cria uma revolta por ter sido deixada. Esse tipo de apego pode influenciar o indivíduo a se sentir inadequado e incapaz de ser amado, possivelmente inseguro e ansioso diante das relações.

Livro - Apego: A Natureza do Vínculo (John Bowlby)

Livro - Parentalidade Consciente (Daniel Siegel, Mary Hartzell)

Baralho Terapêutico - Treinamento de Pais