Falar sobre plasticidade cerebral é falar sobre como os indivíduos se comportam. Primeiramente, é importante lembrarmos que a classe de comportamentos dos indivíduos se dá por influência filogenética, ontogenética e cultural. Ou seja, a filogenética descreve a seleção desses comportamentos baseados na evolução da espécie e na hereditariedade biológica. A ontogenética diz respeito à relação do indivíduo com seu ambiente e suas experiências, isto é, o comportamento se molda a partir dos aprendizados gerados em suas vivências. Por fim, a seleção cultural é a influência do ambiente social e suas regras culturais na forma como o indivíduo se comporta.
Por fim, qual a relação entre o comportamento e a neuroplasticidade? - Assim como o ambiente e as experiências moldam a forma e a função das respostas que o indivíduo emitirá diante das situações, o resultado da interação estabelecida entre organismo e ambiente também modela as sinapses, ou seja, as ligações feitas entre os neurônios daquele indivíduo.
Parece complexo, mas juro que não é! A plasticidade cerebral (ou neuroplasticidade, como você preferir), garante que nosso cérebro possua capacidade evolutiva e adaptativa, isto é, o cérebro é formado por uma rede de neurônios que são ligados entre eles (as chamadas sinapses), estas conexões são responsáveis por transportar a informação ao sistema nervoso central, e são formadas a partir do contato que o organismo estabelece com o ambiente, fornecendo aprendizado.
No primeiro ano de vida, os bebês apresentam o dobro de sinapses de um adulto, visto que o cérebro ainda está se moldando aos diversos estímulos do ambiente. Próximo aos três anos de idade, a criança passa pela primeira e maior “poda neural”, processo o qual ocorre em outras etapas da vida porém em menor dimensão. A poda neural seleciona os neurônios mais utilizados pelo indivíduo considerando as estimulações e o ambiente em que frequenta, sendo assim, os neurônios menos utilizados são desativados/mortos.
A primeira poda neural geralmente desativa cerca de 50% dos neurônios da criança, por isso a importância da estimulação precoce. Nosso cérebro é como um músculo qualquer, assim como vamos na academia para treinar o corpo, o cérebro também precisa ser treinado para o aprendizado. Quanto mais estímulos e treino a criança recebe nesta fase, maior aprendizado irá desenvolver e mais neurônios serão preservados para estabelecer novas sinapses ao longo da vida, e consequentemente, maiores habilidades.
A grande vantagem da neuroplasticidade é exatamente a possibilidade do cérebro formar novas conexões entre os neurônios ao longo do nosso desenvolvimento, baseado em novos ambientes, novos estímulos, novas experiências, e muito muito muito treino! A cada novo comportamento, as ligações neurais são transportadas e fixadas ao Sistema Nervoso Central, aumentando o repertório de aprendizado do indivíduo.
Assim como uma árvore frutífera precisa ser podada para crescer mais forte, agora sabemos sobre a importância do nosso cérebro ser estimulado para se desenvolver e se regenerar. Deixarei abaixo algumas indicações de jogos e brinquedos para estimulação cognitiva infanto-juvenil:
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Primeira infância: Abremente Mini
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